segunda-feira, 10 de março de 2014

PESSOA COM SURDEZ: ABORDAGENS FILOSÓFICAS E MÉTODOS EDUCACIONAIS.



 Ao ler as abordagens sobre a educação para as pessoas com surdez, bem
como as filosofias e métodos educacionais criados para o processo
de escolarização dessas pessoas, nota-se os inúmeros entraves que
elas sofreram ao longo dos anos para serem reconhecidas como
indivíduos que possuem direitos iguais.
Para Aristóteles, a linguagem era o que dava ao homem a condição de
humano. Sem linguagem a pessoa com surdez era considerada não
humana, eram vistas como incapazes de serem educadas. portanto, eram
excluídos do convívio social. Em sociedades que cultuavam o
espírito guerreiro e a idolatria pela perfeição física, como
Esparta e Roma, nascer fora do padrão da ''normalidade'' era
sinônimo de sacrifício.
No século XVI, período conhecido como a modernidade, que surge os primeiros
educadores surdos. Um deles foi o espanhol Pedro Ponce de Leon
(1510-1584) fundou uma escola para surdos, onde ele ensinava os
filhos dos nobres e de famílias ricas da época, a falar, a ler, a
escrever, a rezar, e usava a datilologia. Em 1750, na França, surge
Abade Charles Michel de L'Epée que aprende com as pessoas surdas a
língua de sinais criando os "Sinais Metódicos". Teve
grande sucesso na educação das pessoas com surdez. Chegou a
transformar sua casa em uma escola pública. L'Epée e seu seguidor
Sicard defendiam que todos as pessoas com surdez, independentemente
de seu nível social, deveriam ter direito à educação pública e
gratuita.
No início do
século vinte a maior parte das escolas em todo o mundo deixa de
usar a língua de sinais. A oralização passa a ser o objetivo
principal na educação de crianças com surdez, deixando de segundo
plano as disciplinas, isso foi um fracasso na escolarização dessas
pessoas.
Em 1968, surge a filosofia da Comunicação Total que utiliza todas as formas de
comunicação possíveis na educação dos surdos, acreditando-se que
a comunicação e não apenas a língua, devia ser privilegiada. A
partir da década de setenta, percebe-se que a língua de sinais
deveria ser utilizada independentemente da língua oral. Surge assim
a filosofia Bilíngue, que desde a década de oitenta vem se
disseminando por todos os países do mundo.
No Brasil a educação surda começou no segundo império, quando D. Pedro II
trouxe o professor surdo, conde francês Ernest Huet, fundou o
Instituto Nacional da Educação do Surdo (INES) no Rio de Janeiro.
Na década de oitenta adota o Bilinguismo, que surge com as
pesquisas da Professora linguista Lucinda Ferreira Brito. Em 2002 o
Decreto Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 oficializou a LIBRAS
(Língua Brasileira de Sinais) como língua utilizada pelas pessoas
com surdez no Brasil. O
DECRETO
Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005
,

No seu 3º artigo diz: 

A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos
cursos de formação de professores para o exercício do magistério,
em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de
instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de
ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.

No artigo 208 da Constituição Federal de (1988), consta que o dever do Estado
com a educação será efetivado mediante a garantia de: (Inciso
III)- ''Atendimento Educacional Especializado as pessoas com
necessidades educacionais especias, preferencialmente na sala regular
de ensino''. Então surge a Sala de Recursos Multifuncional com o
AEE. Entre eles o atendimento para a pessoa com surdez, que
dividido em três momentos didático pedagógico:
O atendimento AEE em Libras ocorre diariamente, contra turno aos das sala de aula
comum. Nesse atendimento, o professor acompanha o plano de conteúdo
oficial da escola de acordo com a série ou ciclo que o aluno está
cursando. A organização didática do espaço de ensino é rica em
imagens visuais e de todos tipos de referências que possam colaborar
com o aprendizado dos conteúdos curriculares.
O atendimento
do AEE de Libras constitui um momento didático-pedagógico para os
alunos com surdez incluídos na escola comum. O atendimento inicia-se
com o diagnóstico do aluno e ocorre de acordo com a necessidade, em
horário contrário aos das aulas, na sala de aula comum. Esse
trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras
(preferencialmente, por profissionais com surdez), de acordo com o
estágio de desenvolvimento da língua de sinais em que o aluno se
encontra.
O AEE para oensino da Língua Portuguesa – esse atendimento constitui-se como
um dos momentos didático pedagógico realizados em favor do
desenvolvimento e da aprendizagem da Língua Portuguesa escrita pelos
alunos com surdez. E tem como objetivo
desenvolver a competência linguística, bem como textual, nas
pessoas com surdez, para que elas sejam capazes de gerar sequências
linguísticas.
Dessa
forma, segundo Damázio (2005), o AEE PS precisa ser pensado em redes
interligadas, sem hierarquização de conteúdos, sem dicotomizadões,
reducionismos; mas com uma ação conectada entre o pensar e o fazer
pedagógico. Com isso, certamente, o ambiente de aprender a aprender
será adequado e sustentará que o professor e o aluno com surdez
interajam com a sala de aula comum, produzam, pela mediação pela
compreensão dos conhecimentos, a partir, de novas práticas
metodológicas, com suas estratégias e recursos de ensino. Dessa
forma, as práticas metodológicas do AEE PS, sob a ótica do pensar
inclusivo, quer a conjunção, em que as partes e o todo estejam numa
simbiose. Para realizar essa simbiose, adotamos a Pedagogia
Contextual Relacional. O sentido dessa pedagogia encontra-se em
formar o ser humano, com base em contextos significativos, em que se
procura desenvolvê-lo em todos os aspectos possíveis, tais como: na
vontade, na inteligência, no conhecimento e em ideias sociais,
despertando-o nas suas qualidades e estabelecendo um movimento
relacional sadio entre o ser e o meio ambiente, descartando tudo que
é inútil, sem valor real para a vida.

Referências
Bibliográficas


­­­DAMÁZIO.Mirlene
Ferreira Macedo.
Educação
Escolar de Pessoa com Surdez: uma proposta inclusiva.

Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de
Doutorado.
DAMÁZIO.Mirlene
Ferreira Macedo.
Educação
Escolar Inclusiva das Pessoas com Surdez na Escola Comum: Questões
Polêmicas e Avanços Contemporâneos
.
In: II Seminário Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, 2005,
Brasília. Anais... Brasília: MEC, SEESP - 2005.

p.108-121. 
BRASIL, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Secretaria de Educação Especial – MEC/SEESP, Brasília:2007.
GOLDFELD,
M. A criança surda. São Paulo: Pexus, 1997 

Federal de (88)
Decreto
nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988- exemplar da biblioteca da escola

COLETÂNEA
UFC – MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez –
Atendimento Educacional Especializado em Construção.

2 comentários:

  1. Coleguinha como você é estudiosa, Parabéns por nos enriquecer com tantas informações.

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  2. Parabéns pelos esclarecimentos de grande valia ao nosso conheciemnto.

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